sábado, 30 de outubro de 2010

Família Ramuz

Foto de 1972
Acervo de Maria da Graças Ramuz, filha de Walter Ramuz e Rosalva. Foto tirada na rua onde morava  seus Avós Ramuz.
Ver planta e localização da casa 31 nessa postagem.
Agradecemos a Graça  que gentilmente nos cedeu a foto para publicação.

Primeiro aniversário do nosso Blog

Dia 18 de outubro passado o nosso Blog comemorou o 1º ano de existência. Pouco a pouco fomos  "achando" antigos companheiros de infância vivida na  querida Colônia de Dois Rios e incorporando outros amigos que amam a Ilha Grande e que passaram a conhecer mais a história de nossa  Dois Rios.
Agradecemos a todos os contemporâneos que aparecem na nossa relação inicial que ajudaram a manter viva a nossa história, nos enviando fotos, depoimentos, crônicas, fotos atuais, etc.
Agradeço particularmente ao meu amigo e irmão Oli Demutti Moura O POLACO, pela grande ajuda e participação, sem a qual, dificilmente, o nosso Blog,  conseguiria completar o primeiro ano de vida.
Agradeço também ao meu amigo, que ainda não conheço pessoalmente, JUAREZ DE ALAGÃO que ama a Ilha Grande, principalmente a Colônia e que nos abasteceu de lindas  e importantes fotos.
Veja a primeira publicação de nosso despretensioso Blog, enviada por Sérgio Demutti, amigo e filho de ex-servidor do presídio.






MUITO OBRIGADO A TODOS !

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

1944-1945: Fernando de Noronha à Ilha Grande

1944

Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo

Ministro da Justiça: Alexandre Marcondes Machado Filho

Em 1944, foi decretado o Código Penal Militar.
Nestor Veríssimo, diretor da Colônia Agrícola do distrito Federal, na enseada de Dois Rios, faleceu em 28/02/1944. Foi substituído, interinamente, pelo capitão Manoel Mostardeiro. O novo diretor, major Heitor Coimbra, só tomaria posse no dia 4 de setembro de 1944.

1945

Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo

Ministro da Justiça: Agamenon Magalhães

A partir de 1942 fortaleceram-se os grupos políticos que exigiam a redemocratização do país. As forças aliadas da Segunda Guerra Mundial iniciaram a retomada dos territórios ocupados em 1943 e, decididamente, após o desembarque das tropas norte-americanas na Normandia, em junho de 1944, a União Soviética estava ao lado dos aliados, o que certamente influía na quebra da repressão aos comunistas no Brasil.
Apesar da guinada para o lado da liberal democracia, Getúlio Vargas mantinha-se no governo ditatorial com o apoio de políticos importantes.
Em 18 de abril de 1945, foi decretada a anistia aos presos políticos. Os que participaram das manifestações de 1935 e 1938 já vinham sendo liberados desde 1941, uma vez que as penas eram em média de seis anos. E a partir de 1945, os presos políticos foram libertados. Prestes e outros presos políticos foram recebidos com manifestações públicas importantes. As eleições para presidente e governadores, parlamento e assembléias legislativas estavam marcadas para dezembro de 1945. Assim, tanto na Colônia Agrícola do Distrito Federal (Dois Rios) como na Colônia Penal Cândido Mendes (Abraão), o número de presos diminuiu bastante.
Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945, por um movimento militar liderado por generais que compunham o próprio ministério, na maioria ex-tenentes da Revolução de 1930, como Góis Monteiro, Cordeiro de Farias, Newton de Andrade Cavalcanti e Ernesto Geisel, entre outros. Getúlio renunciou formalmente ao cargo de presidente da República. Terminara assim, o que Getúlio chamou, na comemoração do dia do trabalho de 1945, de "um curto prazo de 15 anos" durante os quais, segundo ele, o Brasil progredira muito.
O diretor da Colônia Agrícola do Distrito Federal (Dois Rios), major Heitor Coimbra, solicitou exoneração do cargo, imediatamente à deposição de Getúlio Vargas, por ser homem de confiança do presidente. 
* * * * 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Igreja de São Sebastião, padroeiro do Abraão-Ilha Grande

                A  Igreja de São Sebastião na primeira metade da década de 40

              
Ela fica localizada na praça principal da Vila do Abraão e tem cerca de 150 anos de existência. Foi construída antes da visita de D. Pedro II a Ilha.Durante o império  surgiu a necessidade de se construir um novo lazareto (uma espécie de hospital para imigrantes), em lugar apropriado para abrigar viajantes e imigrantes portadores de cólera , normalmente contraída nos navios
Alguns estudos vinham sendo feitos nesse sentido quando o Imperador Dom Pedro II, no dia 5 de dezembro de 1863, fez sua primeira  à Angra dos Reis. Em seu Diário de Viagem, que se encontra no Museu Imperial de Petrópolis, onde registrou, com desenhos e textos, a sua passagem pela Ilha Grande, não escondendo o seu deslumbramento pela beleza da Ilha. É possível que mais tarde, quando se decidiu o lugar onde deveria ser construido o Lazareto, tenha prevalecido a sua vontade.
Após sua estadia na Enseada das Palmas a frota parou na Enseada do Abraão e sua majestade pernoitou na Fazenda do Holandês. No Abraão, Dom Pedro II deu ao devoto Manoel Caetano de Lima uma esmola para a Capela em construção (a Igreja da praça central) cujo padroeiro é São Sebastião.
Em 1884, a Coroa  adquiriu a Fazenda do Holandês e logo em seguida a de Dois Rios.



 A propriedade da fazenda do Holandês estava compreendida entre a Praia Preta até a atual Pier de Atracação do Abraão. Esta área ainda hoje é depropriedade do Governo Federal.

               A Igreja de São Sebastião é referência histórica e cultural da Ilha Grande. 


A Igreja de São Sebastião, hoje
                                  
  Fotos:
Igreja década de 40, acervo de José Carlos Marcílio, filho de Laert Marcílio Manhães funcionário do presídio -CADF.
Foto recente da Igreja - www. ilhagrande.com

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Exaltação a Dois Rios, crônica de Elane Rangel


EXALTAÇÃO A DOIS RIOS

Crônica de *Elane Rangel
28/09/2010

Existem lugares que para uns nada representam e são de grande relevância para outros. Refiro-me a Dois Rios, um simples e humilde lugarejo encravado no coração da Ilha Grande.

Alguém poderia exclamar em tom interrogativo: “O que há de tão bonito e importante nesse lugarejo para ser tão exaltado? Não vejo nada mais do que mar e montanhas e poucas casas em modestas ruas.” Essa é uma reação quase unânime dos que visitam Dois Rios pela primeira vez. Chegam na esperança de ver o paraíso e o que veem é o retrato da desolação, na triste visão do abandono. Dois Rios, para quem lá viveu em liberdade, é mais profunda do que se possa imaginar. É vista com os olhos da alma daqueles que têm arraigadas em si a magia de seus encantos e que sabem respeitá-la e amá-la como deve ser.

Eu, particularmente, vivi momentos indescritíveis naquela ilha, com fatos que ficaram marcados para sempre na minha lembrança, coisas simples, porém, de indizíveis emoções. Um exemplo foi quando numa dessas noites mágicas daquele lugar, fui ter com meu irmão, Luiz Rangel, na usina elétrica, onde na ocasião ele trabalhava.

Seguia eu pela estradinha que dava acesso à usina, paradoxalmente escura, em cujas margens estendia-se uma densa vegetação de gramíneas entremeadas de pequenos arbustos, em meio a poças e alagados. Subitamente, vi-me diante de um quadro inimaginável. Centenas, talvez milhares de vozes silvestres elevavam-se dali, num coro uníssono, que parecia mais ser divino do que terreno. Eram as vozes estrídulas de uma grande variedade de insetos, répteis, anfíbios, que numa sinfonia enlouquecedora, entoavam o “Canto da Natureza”. Dezenas de vaga-lumes cirandavam no espaço, como se constelações de estrelas bailassem no ar. O ambiente era quase divino. Tudo se harmonizava perfeitamente. Fiquei, por momentos, semi-paralizado, envolvido naquela onda mágica de sons, que extasiavam a minha alma, como se algo sublime demais estivesse acontecendo. Eu não conseguia desabsorver-me daquele quadro, até que ao recobrar totalmente a consciência da realidade, exclamei do interior da minha alma: Quão grande és Tu, Senhor! Quão grande és Tu!  Por isso e muito mais, Dois Rios não tem só belezas, tem encantos!

Dois Rios não é para ser vista; é para ser sentida! Não é para ser visitada; é para ser vivida! Não é para ser discutida; é para ser amada!

* Elane Rangel, amigo de infância e colaborador do nosso Blog.


           Ilustra a crônica uma foto do amigo Juarez de Alagão
  



Resgatando a história - 7

Produzida em 2010, do acervo de Juarez Alagão.
Nesse  sobradinho, inaugurado em 1942, quando o presídio foi transferido de Fernando de Noronha para a praia de Dois Rios, Ilha Grande, funcionou a estação radiotelegráfica e residência do Cyro Manhães. As operações radiotelegráficas, na primeira metade da década de 1940, eram operadas por intermédio do código Morse, um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação com o auxílio de outro sinal codificado, enviado intermitentemente, desenvolvido por Samuel Morse em 1935. Aqui, em 1958, foi instalada a nova escola de Dois Rios. Duas professoras tiveram atuação destacada nesse período, na nova escola: Edonée Esteves Demutti e Elcy Teresinha Couto. Atualmente, esse prédio, como todo o conjunto arquitetônico de Dois Rios, está depredado, o que é uma lástima, causando aos saudosos ex-moradores um sentimento de pena, desde a desativação e implosão do presídio, em 1994, no governo Brizola.




Texto de Oli Demutti Moura, O Polaco, filho de Ivo Moura, antigo servidor do Presídio




NOTAS DO BLOG:


1. O Coronel Nestor Veríssimo, 1º Diretor da Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF-1942), morou nessa casa até o seu falecimento. Não sei o motivo pela não ocupação da casa destinada ao Diretor, levanto duas hipóteses:
 1ª-  a casa não estava ainda em condiçôes de moradia; 2ª - o Coronel queria ficar mais perto dos companheiros de                      Fernando de Noronha.
2-Edonée Esteves Demutti é esposa de Oli Garcia Demutti, antigo funcionário do presídio.
3-Elcy Teresinha Couto é filha de Januário Couto e 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Resgatando a história - 6



Posted by PicasaFoto , produzida em 2010, do acervo de Gabriella Bernardi.
Antigo Grupo Escolar João Pessoa. Nessas instalações funcionou a escola da vila de Dois Rios, somente com as cinco séries do Curso Primário, de 1942 até 1958, quando foi transferido para um sobradinho, com melhores acomodações. Concluído o ensino primário, após submeterem-se ao Exame de Admissão, os alunos só dispunham de uma opção mais próxima, que era o curso ginasial, em Angra dos Reis, no Ginásio Angrense, sob a direção do professor Jair Travassos. O que no passado era chamado de primário (cinco anos) e ginasial (três anos), hoje, tem o nome oficial de Ensino Fundamental. O curso Científico (ou Clássico), atual Ensino Médio, de três anos, em seguida do ginásio, representava a formação que antecedia a entrada na faculdade, só era ministrado no Rio de Janeiro. Uma das mais antigas professoras  a lecionar no Grupo Escolar João Pessoa foi Octacília Garcia Demutti, conhecida como Mocinha, uma gauchita de Dom Pedrito-RS - (1920-2009), que não tinha a menor compaixão ao colocar os alunos de castigo, ajoelhados, quando não conseguiam guardar na memória a tabuada de sete, como exemplo. Até porque, na ocasião, o que prevalecia era a “decoreba”, a desastrosa ação de decorar dados para prestar exames escolares, mas sem a preocupação de entendê-los. A senhora Yeda, esposa do Vieirinha e irmã do Aymoré, da mesma forma, lecionou nessa pequena escola, em que não havia separação física das turmas, onde todos, independente das séries, estudavam no mesmo ambiente.


Texto do meu amigo e contemporâneo Oli Demutti Moura, O Polaco



NOTA DO BLOGUEIRO



Apenas para ilustrar:
Também estudei no Grupo Escolar João Pessoa com a saudosa Mestra Dona Mocinho que me preparou para o exame de admissão.
A foto ao lado é de 1949, após o desfile de 7 de setembro, pelas ruas até então tranquilas de Angra dos Reis,.onde aparecem alguns alunos do nosso querido Ginasio Angrense, inclusive o Blogueiro Antonio (Toinho),

    

Resgatando a história - 5

Posted by PicasaImagem fotográfica, de outro ângulo, registrando a festa de 7 de Setembro de 1945, Dois Rios, Ilha Grande. O primeiro da esquerda, saboreando uma gostosa costela, de terno e gravata listrada, é o major Heitor Coimbra, que foi um competente administrador da Colônia Agrícola do Distrito Federal, entre setembro de 1944 e outubro de 1945, quando Getúlio Vargas foi deposto. Ao fundo, no centro da foto, observa-se a casa do senhor Milton Pereira de Souza, chefe do almoxarifado, casado com a senhora Marcolina, pais do Toinho, Tatá, Marcelo e Miltinho. Ressaltem-se, mais uma vez, a elegância e o refinamento do modo de vestir-se, não só das senhoras, como também dos funcionários. A maior parte era formada por servidores que participaram daquilo que foi a epopeia da transferência de Noronha e a fixação na Ilha Grande, com sucessões de eventos extraordinários, ações gloriosas, feitos memoráveis de uma sociedade humilde, porém evoluída, composta por uma população heterogênea de gaúchos e nordestinos, tão distantes das suas raízes. Nesse conjunto de habitantes, destacavam-se os habilidosos caipiras, os nativos da ilha, com artesanatos e pratos típicos.

Texto de Oli Demutti Moura (Polaco), filho de Ivo Moura antigo funcionário do Presídio.
Ivo Moura assim como o meu  pai Milton Pereira, faziam parte  do grupo de servidores que nos idos de 1942 foram transferidos de  Fernando de Noronha para a Ilha Grande numa  fantástica viagem de navio que um dia publicarei aqui no BLOG. 




A foto acima estampada, gentilmente cedida, pertence ao acervo familiar da senhora Irma Coimbra Meneghello, filha do major Heitor Coimbra.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Resgatando a história - 3

Posted by PicasaDesfile dos alunos do Grupo Escolar João Pessoa, na enseada de Dois Rios, em comemoração ao dia 7 de Setembro de 1945. Os alunos eram treinados por um sargento do destacamento da Polícia Militar. O desfile era feito na principal avenida da vila de Dois Rios, sempre no sentido grupo escolar x presídio x grupo escolar, onde eram encerradas as festividades.

Texto de Oli Demutti Moura , companheiro e colaborador do nosso Blog.,

Foto do Acervo de família de*Irma Coimbra Meneghello
* Irma é filha do Major Heitor Coimbra, segundo Diretor da Colônia Agrícola do Distrito Federal










quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Resgatando a história - 2

Posted by PicasaComemoração de 7 de Setembro de 1945, no presídio de Dois Rios. Nessa fotografia, após a solenidade, funcionários e familiares aparecem caminhando no sentido do presídio, ao fundo, para o Grupo Escolar João Pessoa. Da esquerda para a direita: 1- João Goulart Coimbra (filho do major Heitor Coimbra); 2- Moacyr de Almeida (o delegado que tinha apelido de Amigo da Onça); 3- Ivo Moura (de terno e chapéu escuro, pai do Polaco); 4- Célia Demutti Moura (a mãe do Polaco); 5- senhora Olga (de vestido preto, esposa do major Heitor Coimbra); 6- senhora Marília (irmã da senhora Olga e do senhor Octávio Macedo Rangel); 7- Marcelino (o português sapateiro), nosso querido companheiro de infância; 8- Edonée Cardoso Esteves (futura esposa de Olí Garcia Demutti e filha do senhor Sérgio Augusto Esteves); 9- senhor Sérgio Augusto Esteves (de terno branco e sapatos de duas cores). Naquela época, os funcionários e familiares trajavam as melhores roupas, quando participavam de eventos oficiais ou sociais.  

Texto de Oli Demutti Moura (Polaco), filho de Ivo  Moura, funcionário administrativo do presídio e Célia Demutti Moura.
Agradecemos ao amigo Polaco pela colaboração.


Agradecemos a Irma Coimbra Meneghello, filha do Ex-Diretor Major Heitor Coimbra, por nos ceder para publicação a histórica foto.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Resgatando a história - 1

Posted by PicasaAbertura das festividades em comemoração ao dia 7 de Setembro de 1945, na vila de Dois Rios, com a formatura dos alunos do Grupo Escolar João Pessoa e o hasteamento da Bandeira Nacional. Nesse ano, a Colônia Agrícola do Distrito Federal era dirigida pelo major Heitor Coimbra. Na foto, à direita, aparece parte do telhado da escola. Ao fundo, o prédio do Cassino, vendo-se a mangueira, onde eram realizados os tradicionais churrascos, e a palmeira centenária. Outro detalhe importantíssimo dessa foto é a participação dos presos nas festividades, perfilados em frente aos alunos, comprovando, inclusive, que naquela ocasião, já havia a preocupação de reeducar a comunidade encarcerada, por intermédio dos hábitos morais e cívicos da sociedade local, formada por civis e militares. Após 1958, a escola foi transferida para um sobradinho, local onde funcionou a , estação telegráfica chefiada por Cyro Manhães. O imóvel do antigo grupo escolar foi transformado em igreja católica.

Texto de Oli Demutti Moura, Polaco, filho de Ivo Moura, antigo funcionário do presídio

Agradecemos a Senhora Irma Coimbra Meneghello, filha do Major Heitor, por nos ceder a histórica foto para publicação.



Praia de Dois Rios

Posted by PicasaVista da Praia de Dois Rios-Ao fundo a Ilha do Grego e à direita a Ponta do Exótico, um ótimo local para pesca de linha.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Imagem de família

Posted by PicasaMeu pai Milton Pereira de Souza, almoxarife do presídio, na varanda da nossa casa em Dois Rios-Ilha Grande. Veja que ele está usando um calçado muito popular na época, Alpargatas Roda, confeccionado  em lona com pisante em fibra vegetal. A meia  servia de proteção contra os  "borrachudos", inseto muito comum na Colônia que impressionam pela grande quantidade e pela picada, que pode causar alergia. 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Carlos Marighela


CARLOS MARIGHELLA NA ILHA GRANDE




Carlos Marighella foi um político brasileiro, foi o principal organizador da luta armada contra o governo militar a partir de 1964. Um dos sete filhos de Augusto Marighella, imigrante italiano da região de Emília, terra de destacados líderes italianos, e da baiana Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos africanos trazidos do Sudão, nasceu na capital baiana, em 5 de dezembro de 1911, onde concluiu o curso primário e secundário. Em 1934 abandonou o curso de engenharia Cível da Escola Politécnica da Bahia par ingressar no Partido Comunista do Brasil (PCB). Torna-se, então, militante profissional do partido e se muda para o Rio de Janeiro.

Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor da Bahia, Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no terceiro ano, em 1932, quando se deslocou para o Rio de Janeiro.

Em 1º de maio e 1936, durante a ditadura na Era Vargas, foi preso por subversão e torturado pela polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano. Ao sair da prisão entra para a clandestinidade. Outra vez preso e torturado, fica detido até 1937, quando obteve um habeas corpus. Julgado pelo Tribunal de Segurança Nacional em agosto de 1937, foi condenado. Em outubro de 1939 foi confinado em Fernando de Noronha. No dia 19 de março de 1942 foi transferido para a Colônia Agrícola do Distrito Federal, na enseada de Dois Rios, no presídio da Ilha Grande, até ser anistiado, em 17 de abril de 1945, beneficiado pelo processo de redemocratização do país. Tanto em Noronha quanto na Ilha Grande, Marighella esteve preso ao lado de Gregório Bezerra e Agildo Barata.   

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1943: Fernando de Noronha à Ilha Grande

1943

Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo

Ministro da Justiça: Fernando Antunes

Outra medida tomada, que acompanhava as tentativas de modernização do sistema penitenciário, foi a promulgação da Portaria Ministerial nº 6.294, de 18/02/1943, que exigia que os presos, quando fossem transferidos de uma prisão a outra, levassem consigo um atestado médico. Procurava-se, com isso, detectar os presos portadores de tuberculose e outras doenças infecciosas, isolando-os dos demais. Na Ilha Grande, ficava muito evidente que o controle das doenças infecciosas representava uma medida de segurança não só para os presos, mas também para os funcionários e para a população em geral.
Em relatório apresentado pelo professor Lemos Britto, diretor da Inspetoria Geral Penitenciária, ao ministro da Justiça, Marcondes Filho, em 28/02/1943, foi feito um destacado elogio ao diretor da Colônia Agrícola do Distrito Federal, Nestor Veríssimo, pela alimentação propiciada aos detentos e aos presos políticos.
Segundo relatório de Nestor Veríssimo ao ministro de Justiça sobre o funcionamento da CADF, ao longo do primeiro semestre de 1943, com extensos registros fotográficos, os detentos trabalhavam na lavoura, na horta, na pecuária, no aviário, nas pocilgas, na olaria, na arborização e varredura das ruas, na coleta de lixo, no britador, na pesca, na produção de carvão vegetal, na sapataria, na marcenaria, na lavanderia, na oficina mecânica, no transporte e na construção de estradas. Eram também responsáveis pela confecção dos próprios uniformes e de tudo o mais que fosse necessário, como lençóis, guardanapos e aventais. A colônia possuía um hospital, uma farmácia, um gabinete dentário e uma escola, um clube social, conhecido como Cassino, com salão para festas, salas de jogos, bar, e, por fora, várias quadras esportivas. Por fim, projetava-se uma estrada para a Parnaióca, com a intenção arrojada e que esta chegasse ao Sítio Forte, do outro lado da ilha, em frente à Angra dos Reis. Tudo isso demonstra o elevado grau de investimentos realizados na Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF) nos anos 1940.

Número de presos na CADF

31/12/1942
31/12/1943
31/12/1944
Presos à disposição da Chefia de Polícia
224
643
236
Presos políticos à disposição do Tribunal de Segurança Nacional
237
246
169
Justiça comum + outras condenações


48
TOTAL
461
909
453

A Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF) começou a funcionar em Dois Rios a partir da transferência dos presos políticos de Fernando de Noronha (1942). Estes eram indivíduos considerados perigosos à ordem pública ou suspeitos de atividades extremistas. Como pode ser visto no controle de presos entre os anos 1942 e 1944 (quadro acima), o número de presos à disposição do chefe de polícia rapidamente ultrapassou e dobrou o número de presos condenados pelo Tribunal de Segurança Nacional. A CADF recebera os aliancistas, integralistas e comunistas que estavam presos em Fernando de Noronha. Lá, apesar do isolamento e das condições precárias do estabelecimento, os presos políticos tinham direito de morar ou na “Aldeia” ou nos casebres espalhados pela ilha, além de uma total liberdade de locomoção, o que permitia um grau elevado de sociabilidade. Em Dois Rios os presos políticos também não ficavam em celas. Gregório Lourenço Bezerra, um dos líderes dos levantes de 1935 no Nordeste, avaliou a transferência para a Ilha Grande como favorável, pois em Noronha as condições de habitação eram bem piores. Membro do Partido Comunista Brasileiro, Gregório foi baleado em Recife, onde ficou três anos preso. Após ser condenado a 28 anos de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional, foi transferido para a Colônia Agrícola de Fernando de Noronha e, de lá, enviado para a Colônia Agrícola do Distrito Federal (1942), Ilha Grande. Em suas memórias, mencionou o convívio com Carlos Marighella, Agildo Barata, Agliberto Vieira, Roberto Morena, Félix Broeira Valverde, entre outros. Sobre o diretor, Nestor Veríssimo, comentou que, apesar de se declarar antifascista e procurar ser amigo dos presos, ele era getulista ferrenho.