EXALTAÇÃO A DOIS RIOS
Crônica de *Elane Rangel
28/09/2010
Existem
lugares que para uns nada representam e são de grande relevância para outros.
Refiro-me a Dois Rios, um simples e humilde lugarejo encravado no coração da
Ilha Grande.
Alguém poderia
exclamar em tom interrogativo: “O que há
de tão bonito e importante nesse lugarejo para ser tão exaltado? Não vejo nada
mais do que mar e montanhas e poucas casas em modestas ruas.” Essa é uma
reação quase unânime dos que visitam Dois Rios pela primeira vez. Chegam na
esperança de ver o paraíso e o que veem é o retrato da desolação, na triste
visão do abandono. Dois Rios, para quem lá viveu em liberdade, é mais profunda
do que se possa imaginar. É vista com os olhos da alma daqueles que têm arraigadas
em si a magia de seus encantos e que sabem respeitá-la e amá-la como deve ser.
Eu,
particularmente, vivi momentos indescritíveis naquela ilha, com fatos que
ficaram marcados para sempre na minha lembrança, coisas simples, porém, de
indizíveis emoções. Um exemplo foi quando numa dessas noites mágicas daquele
lugar, fui ter com meu irmão, Luiz Rangel, na usina elétrica, onde na ocasião
ele trabalhava.
Seguia eu pela
estradinha que dava acesso à usina, paradoxalmente escura, em cujas margens
estendia-se uma densa vegetação de gramíneas entremeadas de pequenos arbustos,
em meio a poças e alagados. Subitamente, vi-me diante de um quadro
inimaginável. Centenas, talvez milhares de vozes silvestres elevavam-se dali,
num coro uníssono, que parecia mais ser divino do que terreno. Eram as vozes
estrídulas de uma grande variedade de insetos, répteis, anfíbios, que numa
sinfonia enlouquecedora, entoavam o “Canto da Natureza”. Dezenas de vaga-lumes
cirandavam no espaço, como se constelações de estrelas bailassem no ar. O
ambiente era quase divino. Tudo se harmonizava perfeitamente. Fiquei, por
momentos, semi-paralizado, envolvido naquela onda mágica de sons, que
extasiavam a minha alma, como se algo sublime demais estivesse acontecendo. Eu
não conseguia desabsorver-me daquele quadro, até que ao recobrar totalmente a
consciência da realidade, exclamei do interior da minha alma: Quão grande és Tu,
Senhor! Quão grande és Tu! Por isso e
muito mais, Dois Rios não tem só belezas, tem encantos!
Dois Rios não
é para ser vista; é para ser sentida! Não é para ser visitada; é para ser
vivida! Não é para ser discutida; é para ser amada!
* Elane Rangel, amigo de infância e colaborador do nosso Blog.
Ilustra a crônica uma foto do amigo Juarez de Alagão
* Elane Rangel, amigo de infância e colaborador do nosso Blog.
Ilustra a crônica uma foto do amigo Juarez de Alagão
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