quarta-feira, 18 de novembro de 2009

1844-1848 : De Fernando de Noronha à Ilha Grande

1844

Segundo Reinado – Dom Pedro II – 1841-1889 – Dos 15 aos 63 anos.

Ministro da Justiça: Manuel Alves Branco

Nesse ano, segundo uma estatística do Ministério da Guerra, havia 187 sentenciados em Fernando de Noronha, dos quais 75 condenados à pena de galés, 84 à prisão simples e 28 à prisão com trabalho. Dentre os presos, quatro eram mulheres.

Fernando de Noronha-Igreja N. S. dos Remédios
Presença Farroupilha em Fernando de Noronha. No ano de 1844, a Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul, levou para Fernando de Noronha um contingente de revolucionários. Havia a intenção de ser encaminhado para a ilha-presídio o mais famoso daqueles revolucionários: Bento Gonçalves. No brigue-escuna “Constância” saiu o herói do Rio de Janeiro (onde já estava preso) em direção ao arquipélago. Fazendo escala em Salvador, não pode o navio prosseguir. Era velho e precisava de reparos. Por isso, Bento Gonçalves foi recolhido ao Forte baiano de São Marcelo, que parecia o lugar mais seguro.
A tentação de isolar no arquipélago nordestino parte dos revolucionários acabou acontecendo, quando esses prisioneiros políticos estavam sendo levados para a Bahia e, sabendo os comandantes da operação, que emboscadas tentariam matar os heróis gaúchos, desviaram as embarcações para Fernando de Noronha, onde sabiam já estar instalada uma colônia penal. Nada foi divulgado na época.
Somente em 1938, quando veio comandar o Presídio Político o gaúcho Nestor Veríssimo foi que alguns seus auxiliares tentaram organizar velhos papéis, reunindo-os cronologicamente e por assuntos. Com surpresa, encontraram a relação dos revoltosos da Farroupilha (1935-1844), que teriam sido recambiados para a Noronha, pelas dificuldades de desembarque na Bahia. O responsável pela “arrumação” do arquivo, João Henrique Domingues, copiou a lista e, anos mais tarde, enviou cópia para o primo do Nestor Veríssimo, o escritor Érico Veríssimo que, conhecendo seu conteúdo, repassou-a para o historiador gaúcho Walter Spalding, que escrevia a obra “Um forte baiano ligado ao Rio Grande do Sul”. E então a lista foi incluída no trabalho, esclarecendo e prisão na ilha nordestina, jamais antes divulgada.
Foram 49 prisioneiros farroupilhas, chegados na Ilha de Fernando de Noronha em 28 de outubro de 1844, na barca “Esmeralda”. Devem ter vindo antes outros presos, dos quais não se conhece a relação nem o número de pessoas, mas se sabe, com certeza, que, em 20 de novembro daquele ano, menos de um mês após ter chegado essa meia centena de presos, 17 do primeiro grupo encaminhado - da qual se perdeu a relação completa - estavam sendo “devolvidos”, todos embarcados para a Capital da Província de Pernambuco sendo que 16 deles “com o fim de sentarem praça” e um remetido como “criminoso de morte”. Essas informações só foram divulgadas quando a relação chegou às mãos de um historiador. Sabe-se que os originais foram enviados para o Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, onde estão até hoje.
Pena que - mesmo no Rio Grande do Sul - esse momento histórico é pouco conhecido. O trabalho de Walter Spalding, publicado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, circulou no restrito círculo de pesquisadores interessados pela história pátria. A grande divulgação não se fez.
Em 2007, o episódio dos farroupilhas em Fernando de Noronha foi incluído na obra “FERNANDO DE NORONHA – CINCO SÉCULOS DE HISTÓRIA, escrito pela professora Marieta Borges Lins e Silva, divulgando essa aventura. Ainda bem que foi assim!

1848

Segundo Reinado – Dom Pedro II – 1841-1889 – Dos 15 aos 63 anos.
Ministro da Justiça: Saturnino de Sousa e Oliveira

Embora as prisões militares já ocupassem diversas ilhas, nesse período as autoridades ainda não cogitavam sobre a possibilidade de uma prisão na Ilha Grande. Lá havia grandes plantações de cana-de-açúcar e de café, ambas com mão-de-obra escrava. Produzia-se também aguardente, importante na troca por escravos. As fazendas que mais se destacavam eram aquelas situadas nas vilas de Sant’Anna, Abraão (Fazenda do Holandês) e Dois Rios. Existiam ainda fazendas ao longo de praticamente toda a ilha, de Lopes Mendes, passando pela Parnaióca, Aventureiro, Bananal até Sítio Forte.

2 comentários:

  1. Sou bisneto de João Henrique Domingues, fui batizado com o mesmo nome. Fiquei muito feliz em encontrar seu site, obrigado e parabéns pelo trabalho! Caso tenha mais material sobre meu bisavo e puder enviar segue meu email, fico muito grato. Um abraço! João Henrique Domingues jhdomingues@gmail.com

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  2. Sou bisneto de João Henrique Domingues, fui batizado com o mesmo nome. Fiquei muito feliz em encontrar seu site, obrigado e parabéns pelo trabalho! Caso tenha mais material sobre meu bisavo e puder enviar segue meu email, fico muito grato. Um abraço! João Henrique Domingues jhdomingues@gmail.com

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