1938
Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo
Em março de 1938, um decreto-lei autorizou a criação da Penitenciária Agrícola do Distrito Federal (PADF), na Vila de Dois Rios, Ilha Grande (Decreto 319, de 07/03/1938). A nova penitenciária ainda estava em fase de construção.
Meses depois de autorizar a criação da Penitenciária Agrícola na Ilha Grande, o governo decreta a criação de outra penitenciária, a Colônia Agrícola de Fernando de Noronha, que seria destinada à concentração e trabalho de indivíduos reputados perigosos à ordem pública ou suspeitos de atividades extremistas. A Ilha de Fernando de Noronha possuía uma prisão vinculada ao governo de Pernambuco. Passaram a ser enviados a Fernando de Noronha os presos políticos de todo o país.
Em 1938, durante o Estado Novo, a coragem e as qualidades humanas do coronel gaúcho Nestor Veríssimo chegaram aos ouvidos do Presidente Vargas, que mandou chamá-lo para uma audiência particular. Nestor vestiu sua melhor roupa, fez o supremo sacrifício do colarinho e da gravata, e lá se foi, rumo ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, travando-se o seguinte diálogo:
- Sente-se, coronel - disse o presidente, depois de apertar-lhe mão.
Nestor obedeceu, e Vargas foi direto ao assunto:
Preciso de seus serviços.
- Pois disponha. . .
- Estou informado de que o presídio de Fernando de Noronha anda numa verdadeira anarquia. O senhor é o homem indicado para endireitar, moralizar aquela ilha. Aceita o convite?
- Se o senhor permitir que eu leve comigo alguns homens de minha inteira confiança, aceito.
- Quantos?
- Vinte.
- Impossível. Vinte é demais. Dou-lhe dez.
- Presidente, preciso de vinte.
- Sinto muito, coronel, só posso lhe dar dez.
Sem alterar a voz, Nestor replicou:
- Pois então não vou pr’aquela bosta.
Mal pronunciou esta última palavra, caiu em si: estava diante do presidente da República. Ficou vermelho, remexeu-se embaraçado na cadeira. Getúlio Vargas, porém atirou a cabeça para trás e rompeu numa franca risada, que lhe saiu da boca com a fumaça do charuto.
- Está bem, coronel. O senhor tem os seus vinte homens.
Nestor levou vinte companheiros gaúchos escolhidos a dedo para Fernando de Noronha.
Após a tentativa de golpe de 1938, muitos integralistas foram presos. Plínio Salgado, fundador da Ação Integralista Brasileira, mas que não participara diretamente das tentativas de golpe foi preso mais tarde, em 1939, e exilado. Grande parte dos integralistas foi enviada para Fernando de Noronha e, em 1942, transferida para Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF).
Belmiro Valverde, uma das lideranças das ações integralistas, foi condenado a 16 anos e meio de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional. Em 16 de abril de 1945, com decretação da anistia, Valverde e os demais presos políticos foram postos em liberdade
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