domingo, 22 de agosto de 2010

Festas comemorativas em Dois Rios-Crônica de *Elane Rangel

RECORDAÇÕES


Revirando o velho baú das minhas antigas recordações, limpando cuidadosamente a poeira imaginária de uma imagem abstrata, deparei-me com a miragem de uma festa colossal, que realizava-se anualmente na Vila de Dois Rios, na Ilha Grande, em comemoração ao aniversário do presídio Cândido Mendes, quando servia-se um lauto churrasco, acompanhado de farofa, salada e de um chope bem gelado.
Tudo era preparado com a devida antecedência.
No começo, a festa era realizada no pátio central do estábulo, à sobra dos cinamomos.
Depois passou a relizar-se numa área em frente à cooperativa dos funcionários e da PM, ao abrigo acolhedor de um vistoso mangueiral, cujas bases serviam como suporte para as longas e estreitas mesas, improvisadas com tábuas corridas, que eram estendidas e pregadas em seus troncos, bem como extensos bancos feitos do mesmo material.
Nessas mesas, era servido o churrasco, incondicionalmente, a quem viesse participar da festa.
Para assar a carne, abriam-se valas retangulares no chão, onde era aceso o fogo para a formação do braseiro que assaria a mesma.
Em suas extremidades, fincavam-se forquilhas de madeira, que sustentavam o travessão central, também de madeira, que servia como apoio para os espetos, que, no chão, formavam a figura de uma letra “V” de cabeça para baixo e, em cima, o desenho de um “X”.
A carne era temperada exclusivamente com uma salmoura à base de sal grosso e algumas ervas aromáticas. À mediada que a mesma assava, ia sendo regada com esse molho, usando-se, para tanto, galhos verdes de alecrim.
Os encarregados desse trabalho eram quase sempre os mesmos, os funcionários Euclides Boeno, Leoveral Pinto de Andrade e Vantuil Azevedo.
Em meio à festa, a banda dos internos do presídio, sob a regência do maestro Antônio Demutti, executava os tradicionais dobrados, como também outras músicas de comprovado sucesso.
Assim, a festa arrastava-se, praticamente, pelo dia inteiro, o que causava a alegria e satisfação daquele povo.
No dia seguinte, o cenário era desmontado e tudo voltava à normalidade do cotidiano.

*Elane Rangel é filho de Octávio Rangel antigo funcionário do Presídio da Ilha Grande - Colônia Dois Rios.

Foto da primeira metade da década de 40, mostrando um desses churrascos sob a centenária mangueira em frente ao Cassino (clube dos funcionários).




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Um comentário:

  1. Tenho fotos de meus pais neste churrasco! Marisa e-mail pavanribeiro@hotmail.com

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