RECORDAÇÕES
Revirando o
velho baú das minhas antigas recordações, limpando cuidadosamente a poeira
imaginária de uma imagem abstrata, deparei-me com a miragem de uma festa
colossal, que realizava-se anualmente na Vila de Dois Rios, na Ilha Grande, em
comemoração ao aniversário do presídio Cândido Mendes, quando servia-se um
lauto churrasco, acompanhado de farofa, salada e de um chope bem gelado.
Tudo era
preparado com a devida antecedência.
No começo, a
festa era realizada no pátio central do estábulo, à sobra dos cinamomos.
Depois passou
a relizar-se numa área em frente à cooperativa dos funcionários e da PM, ao
abrigo acolhedor de um vistoso mangueiral, cujas bases serviam como suporte
para as longas e estreitas mesas, improvisadas com tábuas corridas, que eram
estendidas e pregadas em seus troncos, bem como extensos bancos feitos do mesmo
material.
Nessas mesas,
era servido o churrasco, incondicionalmente, a quem viesse participar da festa.
Para assar a
carne, abriam-se valas retangulares no chão, onde era aceso o fogo para a
formação do braseiro que assaria a mesma.
Em suas
extremidades, fincavam-se forquilhas de madeira, que sustentavam o travessão
central, também de madeira, que servia como apoio para os espetos, que, no
chão, formavam a figura de uma letra “V” de cabeça para baixo e, em cima, o
desenho de um “X”.
A carne era
temperada exclusivamente com uma salmoura à base de sal grosso e algumas ervas
aromáticas. À mediada que a mesma assava, ia sendo regada com esse molho,
usando-se, para tanto, galhos verdes de alecrim.
Os
encarregados desse trabalho eram quase sempre os mesmos, os funcionários
Euclides Boeno, Leoveral Pinto de Andrade e Vantuil Azevedo.
Em meio à
festa, a banda dos internos do presídio, sob a regência do maestro Antônio Demutti,
executava os tradicionais dobrados, como também outras músicas de comprovado
sucesso.
Assim, a festa
arrastava-se, praticamente, pelo dia inteiro, o que causava a alegria e
satisfação daquele povo.
No dia
seguinte, o cenário era desmontado e tudo voltava à normalidade do cotidiano.
*Elane Rangel é filho de Octávio Rangel antigo funcionário do Presídio da Ilha Grande - Colônia Dois Rios.
Foto da primeira metade da década de 40, mostrando um desses churrascos sob a centenária mangueira em frente ao Cassino (clube dos funcionários).
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Tenho fotos de meus pais neste churrasco! Marisa e-mail pavanribeiro@hotmail.com
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