quinta-feira, 25 de março de 2010

DE VOLTA A DOIS RIOS.....

Depoimento:

Em 05/08/2009, Jeferson Ferreira dos Santos, após vários anos, voltou à Colônia Dois Rios, Vila  que fazia parte do "implodido" Instituto Penal Cândido Mendes.
Jeferson viveu até os 9 anos idade na Colônia , e é filho de antigo funcionário do presídio, Joaquim dos Santos e de Severina Ferreira dos Santos.  Seu pai, Joaquim, era responsável pela alfaiataria do presídio..
Estamos elaborando uma relação de antigos funcionários, com suas respectivas esposas e filhos, para posterior postagem no nosso Blog.
Após a saudosa viagem, Jeferson deixou um comentário  sobre a viagem, no site  www.ilhagrande.org que abaixo transcrevemos:
Minha chegada

" Após vários anos retornei à Ilha Grande com alguns dos meus irmãos e cunhados. A emoção foi muito grande ao voltar ao lugar da minha infância decorridos muitos anos. Ao saltarmos no Abrahão, nos dirigimos, imediatamente, para Dois Rios. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que aquela estrada tão bem cuidada da minha época e das minhas lembranças agora não passava de uma quase trilha mal cuidada, apesar da inenarrável sensação de contato com a natureza a retomar o que é seu, aquele cheiro de mato e os variados cânticos de pássaros e outros barulhos característicos. Finalmente após longa caminhada avistamos a alameda de palmeiras que recebe os visitantes ao chegarem a Dois Rios. Fiquei surpreendido ao constatar que aquela longa alameda da minha memória de criança, não passava de poucos metros a nos dar as boas vindas.
Passada a emoção e o deslumbramento da volta ao passado, nos deparamos, para a nossa decepção, com aquele lugarejo tão bem cuidado na época, coberto de mato, com as casas tão boas e bem construídas, reduzidas à ruinas e as ruas quase irreconhecíveis pela má conservação. Estivemos em frente às casas em que moramos, uma das quais nasceram dois de nossos irmãos (Daniel e Glauce), que, felizmente, estavam ainda ocupadas por moradores e, portanto, bem conservadas.
Lembrei-me




nessa ocasião, do meu pai Joaquim dos Santos,
da minha mãe Severina e da minha segunda mãe Elvira, de tio Amaro e de minha tia Zefinha,. Lembrei-me, ainda, de alguns vizinhos da época: Walter Ramuz e D. Rosalva, da Maria das Graças, Lígia, Lídia, Ernesto, Marcos, Augusto, seus filhos, Nico e D. Edimê, da Cleusa, da Anemi, suas filhas, D. Dulce e seu Zezinho, D. Nina, D. Idonê, D. Mariuza (professoras da Escola João Pessoa), de seu Pedro Jobim e D. Rosa, do seu Geraldo Vilella e D. Lourdes (ele meu padrinho), do Dudu, do Inácio e da Nininha, seus filhos, do seu Marcelino e D. Zeni, do Zé Rangel, do seu Catino e D. Aurora dos seus filho Cecílio, Venâncio, Maria Cecília, da "venda" do Pernambuco, do Samuel seu filho. Enfim, de tanta gente que não citei mas o farei em outra ocasião.
Ao retornarmos, após visitarmos as ruínas do presídio que poderia ser hoje um grande museu a relembrar as histórias e lendas que rondam aquele passado tão grato à minha memória, e no entanto implodido pela estupidez de um governante que nem merece ser citado, restou sobretudo a decepção de não podermos ali pernoitar, como se fôramos corpos estranhos, sem ao menos ter o direito de visitarmos a terra que contém o pó que há de ter restado da minha mãe e da minha avó materna, pois o caminho para o cemitério, que passava pela Toca da Cinza, está impraticável pois os atuais administradores hão de ter deixado, de propósito o mato tomar conta. Agora os seus ilustres ocupantes, os membros da UERJ, na qual me formei em advocacia, mandam e desmandam no lugar e fazem questão de manter os demais cidadãos à distância daquele paraíso por eles monopolizado, em nome da ciência e da preservação e de pretensas pesquisas, nos alijando e condenando os antigos moradores, agora idosos, a jamais ali retornarem, pois só quem tem direito a condução motorizada são os seus membros alguns poucos moradores. A propósito, o meu cunhado, passou mal durante o retorno e por sorte obteve carona de uma viatura que por ali passou casualmente e com ele retornou para o Abrahão. Quase perdemos a barca de retorno ao Rio"
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Jeferson Ferreira dos Santos
Bangu - Rio de Janeiro - RJ

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