quarta-feira, 29 de setembro de 2010

1942: Fernando de Noronha à Ilha Grande

1942

Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo

Ministro da Justiça: Alexandre Marcondes Machado Filho

Em setembro de 1939, as tropas de Hitler invadiam a Polônia, e a Grã-Bretanha e a França responderam à ocupação declarando guerra. É conhecida, com a entrada dos Estados Unidos na guerra em dezembro de 1941, a instalação de uma base militar estadunidense no Rio Grande do Norte, localização estratégica para a travessia do Atlântico.
Os reflexos da Segunda Guerra na Ilha Grande foram muitos. Em dezembro de 1942, o coronel Nestor Veríssimo, diretor da Colônia Agrícola de Fernando de Noronha, recebia um comunicado do gabinete do ministro da Justiça (Alexandre Marcondes Machado Filho) sobre a transferência do presídio de Noronha para a Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF).
Em fevereiro, antes mesmo de o Brasil declarar guerra à Alemanha e à Itália, a Ilha de Fernando de Noronha foi transformada em território federal para que fosse utilizada como base militar durante a guerra (decreto 4.102, de 09/02/1942). A Colônia Agrícola de Fernando de Noronha foi, então, transferida para a enseada de Dois Rios-Ilha Grande, passando a ser denominada Colônia Agrícola do Distrito Federal (CADF), pelo decreto 4.103 de 09/02/1942.
O coronel Nestor Veríssimo assumiu a direção da Colônia Agrícola do Distrito Federal, na Ilha Grande, posto em que se manteve até 28 de fevereiro de 1944, quando faleceu e foi substituído interinamente pelo capitão Manoel Mostardeiro, seu antigo companheiro de juventude na cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul. Nestor Veríssimo antes de ser nomeado diretor do presídio de Noronha, havia participado da Coluna Prestes e, posteriormente, do movimento de 1930, tendo sido responsável por práticas disciplinares menos duras com os presos.
O novo diretor, major Heitor Coimbra, só tomaria posse no dia 4 de setembro de 1944.
Com a mudança da Colônia Agrícola de Fernando de Noronha para Dois Rios, a Colônia Penal Cândido Mendes (CPCM) foi transferida para as antigas construções do Lazareto, no Abraão. A partir dessa data, as duas penitenciárias – a CADF de Dois Rios e a CPCM do Abraão, esta última incorporada à antiga CCDR – funcionaram concomitantemente, por vinte anos. Hermínio Ouropretano Sardinha, que fora médico na CCDR e assumira interinamente o cargo de diretor da colônia em diversos momentos, desde o início da década de 1930, foi nomeado diretor da Colônia Penal Cândido Mendes (Abraão).
O general Flores da Cunha ficou preso nove meses em Dois Rios, em 1942. Ele iniciou a carreira política como deputado estadual no Rio Grande do Sul, pelo Partido Republicano Rio-grandense (PRR), em 1909, ficando à frente do governo do Estado do Rio Grande do Sul por sete anos, ou seja, entre novembro de 1930 e outubro de 1937. Embora tivesse apoiado Getúlio Vargas em períodos anteriores, Flores da Cunha defendeu o federalismo e as eleições de 1937. Rompeu com Vargas, exilou-se no Uruguai. Ao voltar ao país em 1942, foi condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional. Na Ilha Grande, detinha certos privilégios. Ficou preso numa casa próxima ao presídio, onde tinha um rádio, fazia caminhadas todas as manhãs, criava galinhas, escrevia e lia. Manteve boas relações com o diretor da Colônia, Nestor Veríssimo. Em maio de 1943, obteve a liberdade.  
Com a declaração de guerra à Alemanha, em 1942, a perseguição do Estado Novo voltou-se para os indivíduos que mantinham ligação com os países do Eixo, os quais passaram a ser condenados por um tribunal militar e enviados para a Colônia Penal Cândido Mendes, no Abraão.
General Flores da Cunha na prisão

Ao centro da foto, sentado, de pijama, está o general Flores da Cunha. Da esquerda para a direita: 1) Catino (com acordeão), 2) Sady Pequeno, 3) João Uchôa (fumando charuto), 4) capitão Manoel Mostardeiro, 5) Aymoré, 6) Não identificado, 7) Dirceu Chacon, 8) Sílvio Cavalheiro (cunhado do Mostardeiro).  

2 comentários:

  1. Minha mãe se chamava Marléa, sou neta de João Uchôa.

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  2. Muito Feliz em ver meu avô Capitão Manoel Mostardeiro, pai de minha mãe Teresinha Mostardeiro Fabbrin. Agradecida.

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