COLÔNIA DE DOIS RIOS DÉCADA DE 40 |
Localizada no Estado do Rio de Janeiro, a ilha ganhou já no século XIX status de lugar maldito quando o Império comprou duas fazendas na ilha, uma voltada para o continente, que viria a ser o chamado “Lazaretto”, usado na quarentena dos imigrantes que iriam para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Este prédio viria a também cumprir o papel de prisão de 1893, com a detenção de participantes da Revolta da Armada, até sua implosão em 1963, por decreto do governador do antigo estado da Guanabara Carlos Lacerda.
A outra fazenda comprada, virada para o oceano, transformou-se em colônia penal em 1903. Esta é a prisão de Graciliano Ramos. Para se chegar neste lugar, era necessário atravessar a ilha por uma trilha que subia a montanha que separava os dois lados da ilha. Este caminho começava no pequeno povoado que servia de sede da ilha, chamado Abraão. Depois desta caminhada, encontrava-se a vila de funcionários e o presídio propriamente dito. A recepção não é das mais animadoras. O oficial responsável pelos presos é incisivo: “Vocês não vêm corrigir-se, estão ouvindo? Não vêm corrigir-se: vêm morrer”.
É neste lugar que Ramos teve maior contato com outros que, como ele, estavam ali por serem incômodos ao Estado Novo. Testemunhou torturas, abusos, roubos. Na sua descrição, Dois Rios foi, sem dúvida, o pior presídio pelo qual passou. A idéia de uma colônia penal onde se passava o dia trabalhando em plantações, criação de animais ou na construção de tijolos deu lugar ao horror do trabalho escravo.
Dennis de Almeida é historiador e publicou esse comentário, em Paisagens da Crítica
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