terça-feira, 29 de junho de 2010

Memórias do Cárcere-Graciliano Ramos

Dennis de Almeida

Memórias do Cárcere incomoda, incomoda muito, mas nos leva a viajar.

"Nesta obra, publicada postumamente em 1953, Graciliano Ramos faz um relato de suas passagens por presídios do Recife, Maceió e Rio de Janeiro, com destaque para a célebre colônia penal da Ilha Grande, no período entre Março de 1936 e Janeiro de 1937. Preso e solto sem qualquer tipo de acusação formal, o autor de Angústia (1936) e Vidas Secas (1938) se caracterizou como uma das vítimas do regime varguista (1930-1945).
Um aspecto importantíssimo desta obra é sua elaboração.  O autor de Vidas Secas escreveu diversas notas manuscritas desde os primeiros dias de prisão, mas a cada transferência, era obrigado a desfazer-se dos papéis. Por este motivo, abandonou por muitos anos o interesse de escrever o livro. Somente em 1952, já desenganado pelos médicos, iniciou a redação dos dois volumes, construindo-os apoiado em suas memórias. Não conseguiu, no entanto, concluí-los, faltando o capítulo final. Mesmo assim, o autor nos proporcionou uma leitura ao mesmo tempo rica e angustiante, pois se trata de obra imaginada e escrita diversas vezes, em que as sobreposições emergem no resultado final.
Também deve-se mencionar a interferência em sua obra do Partido Comunista Brasileiro, ao qual Graciliano era filiado desde 1945. De acordo com o crítico Wilson Martins, houve pressão do Partidão sobre a família de Graciliano para que o livro não fosse publicado. Martins ainda conta que o resultado do acordo entre as partes para a publicação do livro foi a “elaboração” de um novo “original”, com cortes e revisões cujos limites até hoje são ignorados. Anos depois, os filhos de Graciliano admitiram que o texto original foi adulterado por determinação do Partido.
Graciliano foi, portanto, vítima de uma dupla violência. Em vida, foi preso, torturado, roubado e privado dos direitos mais básicos de um cidadão.  Depois de morto, teve a memória violada, esta que é uma das partes mais valorizadas de nossa consciência, justamente pelo partido a que se filiara.
A primeira agressão está impressa em Memórias do Cárcere. O constante confronto com a realidade crua presente em obras como São Bernardo e o já mencionado Vidas Secas se encontra ali, só que com o autor no papel de protagonista. A segunda está oculta por trás do próprio relato. Como Graciliano reagiria a mais esta brutalidade? Jamais saberemos, só nos restando mais este exemplo do quanto a luta pela liberdade e justiça dos discursos pode estar diametralmente oposta à sua prática."
Na foto da primeira metade da década memorias do carcerede 40   aparece entre o Cassino e o Presídio, recém inaugurado, um dos galpões da antiga Colônia Correcional Dois Rios (CCDR)
Dennis de Almeida é historiador e já publicou comentário, em Paisagens da Crítica, sobre Gato preto em campo de neve (11 de Fevereiro de 2009).
Cyro Manhães ,o autor da foto,  foi funcionário do Presídio da Ilha Grande onde exercia a função de Telegrafista.
Foto cedida gentilmente por Edison Manhães, sobrinho de Cyro e filho de Rubens Manhães , antigo funcionário do Presídio.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Enseada de Dois Rios-Ilha Grande

Posted by PicasaVista da Enseada de Dois Rios destacando-se a Ponta do Exótico, local de boa pescaria, e à direita  um pequeno trecho da Praia  (Barra Grande)

Bela foto cedida gentilmente pelo meu amigo e colaborador Juarez de Alagão

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Família Milton Pereira de Souza

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Na foto abaixo aparecem os  meus pais Milton e Marcolina que pelos trajes  iriam a alguma solenidade.  A foto é da primeira metade da década de 40, provavelmente de 1944 e foi tirada em frente a nossa primeira casa  na Colônia  (nº 4 no mapa) . Na rua em frente a ela moravam: Ivo moura, Oli DemuttiTalles, Dr. Wagner (médico), etc. Aliás na casa que aparece à esquerda,  na foto -nº 17 no mapa-  morava, se não me engano, Dr. Wagner.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reflexão de Festa Junina.........

O texto abaixo foi-me enviado  pelo nosso amigo Oli Demutti (Polaco) e achei oportuno sua postagem, primeiramente pela proximidade da data e segundo porque  me  remete à  infância passada na Colônia de Dois Rios. Eu sempre gostei das Festas Juninas, tudo era muito divertido . Fazer balão, enfeitar a rua com bandeirinhas era muito legal. Era uma atividade coletiva que unia os moradores  de Dois Rios, reforçando ainda mais os laços de amizade.


                            VISTA DA PRAIA DE DOIS RIOS




                                                                                                                                 SÂO JOÂO 

Oli Demutti Moura (Polaco)                                                                                                          12/06/2010                                                                                                                                                


Segundo Platão, reminiscência agradável “é a lembrança do que a alma contemplou na atual ou em existência anterior, quando ao lado dos deuses”.
Ao introduzir informações no computador, por meio de toques no teclado, faço vir à memória saudosas lembranças, a despeito de nunca estar ao lado dos deuses (conceito platônico), por inumeráveis imperfeições que ainda carrego no corpo espiritual. Quais recordações? Refiro-me às tradicionais festas juninas. Antes, porém, farei uma rememoração na linha do tempo do Onça. Vamos?
Com mês de junho chegam as comemorações festivas que envolvem, normalmente, escolas, clubes e residências.
São as chamadas festas juninas, que iniciam no dia 13, dia de Santo Antônio de Pádua, alcançam o dia 24, festividade alusiva a João, o Batista, e culminam a 29 de junho, com a festa a Pedro, o Apóstolo.


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Enseada do Cavalinho

Foto de 1978
Enseada do Cavalinho, vista da estrada para a Parnaióca. Ao fundo na linha do horizonte a Ilha do Grego

domingo, 13 de junho de 2010

Praia da Parnaióca

Posted by PicasaPraia da Parnaióca, uma das mais linda da Ilha Grande. Na época do presídio era rota de fuga de prisioneiros.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Futebol em Dois Rios na primeira metade da década de 40

Posted by PicasaUm das equipes  que competia nos campeonatos realizados na Colônia Dois Rios, formada por funcionários e parentes. O presídio da Vila do Abraão também competia e a rivalidade entre os dois  presídios era grande.

1-Não identificado
2-Venâncio filho de Sr. Catino, funcionário do presídio.
3-Felipe Ruchiga
4-Não identificado
5-Bique, irmão de Dizodina (criada por Sr. Kerny, funcionário)
6-Não identificado
7-Não identificado
8-Francisco Monteiro (Chiquinho)
9-Não identificado
10-Rubens Manhães
11-Não identificado


Foto de Cyro Manhães do acervo do seu sobrinho Edison Manhães, filho de Rubens (10 na foto)


domingo, 6 de junho de 2010

Dois Rios, Enseada de Muitos Sonhos


Dois Rios, Enseada de Muitos Sonhos

      Crônica de Elane Rangel

                          Dois Rios, uma das 106 enseadas da baía da Ilha Grande, localizada ao pé da Serra do mar, ao sul do Estado do Rio de Janeiro, parece  ter nascido predestinada aos sonhos e as contradiçôes.
                         Sonho de liberdade, daqueles que lá viveram e sofreram no tempo da escravidP1010135VistaPraiaão. Posteriormente, daqueles outros que também lá estiveram cumprindo, a duras penas, o rigor da sua desventura. Encontraposição, também foi lá o berço de grandes sonhos de pessoas que, nasceram e viveram, sempre felizes, naquele recanto tão aprazível  do qual, não gostariam de ter saido nunca.
                         Hoje, sonhar com Dois Rios, é acordar para uma triste realidade. Ele que foi o palco de tantos sonhos,  de esperanças e desesperanças; de venturas e desventuras; de bons eu maus momentos; bons para uns, maus para outros; de deslumbre para os olhos dos que viam na natureza, a grandiosidade de Deus, e de lágrimas, para aqueles que, encarcerados, choravam a sua desventura por trás das grades frias da prisão, pagando o preço do seu fracasso com homens, membros  de uma sociedade que não admite o erro.

sábado, 5 de junho de 2010

Colônia Dois Rios-Represa

Bela foto do nosso amigo Juarez Alagão, mostrando parte da represa que captava água para acionamento dos geradores da pequena usina hidrelétrica da Colônia, uma pequena  joia que hoje já não mais existe, pela incúria e irresponsabilidade dos nossos governantes.
Do reservatório a água transborda continuamente formando na sua parte inferior uma bela cachoeira  para deleite daqueles que a visitam. O local oferece  também uma vista belíssima da praia de Dois Rios.


Foto cedida gentilmente por  Juarez Alagão
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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Residências de funcionários do antigo presídio

a
Conjunto de casas de antigos funcionários do presídio que com a ajuda dos meus amigos pretendo identificar.  
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terça-feira, 1 de junho de 2010

1937: Fernando de Noronha à Ilha Grande

1937

Presidente Getúlio Vargas – 1937-1945 – Estado Novo

Ministro da Justiça: Agamenon Magalhães

Em 1937, foram iniciadas obras em Dois Rios para a construção de uma nova penitenciária agrícola que se destinava a receber apenas os sentenciados de bom comportamento. Em outubro de 1936, o diretor Victorio Caneppa, além das obras realizadas na recuperação das edificações o antigo presídio apresentou ao governo o projeto de construção da Colônia Penal da Ilha Grande. Essa seria uma penitenciária de grandes proporções, com instalações modernas. O projeto arquitetônico foi organizado pelo escritório de obras do Ministério da Justiça e enviado ao ministro Agamenon Magalhães. Apesar de todas as críticas, Caneppa defendia o local (Dois Rios) por possuir água em abundância e ótimas terras para cultura, podendo ser utilizado como uma escola de regeneração. O trabalho agrícola possibilitaria maior rendimento e regeneração dos internos. Propôs a construção de celas separadas para os detentos serem observado na chegada, alojamentos comuns para os presos em via de recuperação e relativa liberdade para os colonos livres.
O novo presídio conforme projetado
O escritório do Ministério da Justiça finalizou o projeto em março de 1937. Nele os engenheiros previam a construção de três pavilhões em sequência: um prédio frontal de dois andares, com portaria e corpo da guarda; um segundo, também de dois andares, para a administração; e, finalmente, um grande pavilhão para detentos, de três pavimentos, com cinquenta celas individuais e 42 celas para dez homens cada. Lateralmente haveria uma enfermaria à esquerda e, em posição simétrica, a cozinha, o refeitório e uma pequena panificação. Alojamentos para o destacamento policial, o almoxarifado, a garagem e a residência para os diretores e funcionários também constavam do projeto, fora do complexo penitenciário, na vila. Destacava-se uma observação de que, embora não fosse possível fazer um orçamento prévio com segurança, pelo fato de que a obra estaria sujeita ao elevado valor do transporte, o custo seria baixo, já que em Dois Rios havia pedra, areia e tijolos, e era possível contar com o trabalho dos detentos.
As transferências de presos da Casa de Detenção – Rio de Janeiro – para a CCDR foram autorizadas para que as obras da futura Colônia Penal Agrícola da Ilha Grande fossem realizadas. Nesse mesmo ano, foi transferida para a Ilha Grande a embarcação Tenente Loretti, um barco cargueiro de madeira, construído em 1919, que ainda hoje pode ser observado no cais do Abraão. Inicialmente, a Tenente Loretti transportou material para a construção da futura colônia agrícola e, mais tarde, presidiários, guardas, alimentos, combustível e cargas diversas.  
Em 27 de novembro de 1937, José Jannini assumiu a direção da Colônia correcional de Dois Rios, substituindo Caneppa, e foi responsável pela construção da nova penitenciária.
Logo após o início da obras da nova penitenciária de Dois Rios, o governo autorizou a reforma do antigo Lazareto da Ilha grande, no Abraão, para abrigar os presos CCDR, com a intenção de viabilizar a separação entre presos comuns e acusados de contravenção.
Construção da estrada utilizando-se a mão-de-obra dos presidiários
Nesse mesmo ano, centenas de presos foram enviadas para a Ilha Grande para a construção e reformas dos dois complexos penitenciários – Dois Rios e Lazareto. Também uma estrada de dez quilômetros foi construída no meio da mata, ligando a Vila de Dois Rios à Vila do Abraão. O investimento nas prisões incluiu a reforma urbana das duas vilas, que ganharam calçamento, saneamento, luz, transporte e meio de comunicação. Em Dois Rios, construíram-se uma usina hidrelétrica, uma escola e uma capela. No Abraão, além da Avenida Beira-Mar, o cais foi reformado, possibilitando a chegada mais segura das novas embarcações. Pedras foram dinamitadas, dando lugar a uma nova estrada, que ligava Dois Rios a Parnaióca.
Em 1937, Getúlio Vargas assumiu o comando da nação com plenos poderes, sendo implantado o período que a História denomina de Estado Novo. A Constituição de 1934 foi substituída por uma nova, elaborada por Francisco Campos. O presidente da República adquiria uma série de poderes de exceção em prol da segurança do Estado, que incluíam a censura, a suspensão das liberdade individuais e a declaração de estado de guerra.

Pier da Vila do Abraão-Ilha Grande

Posted by PicasaCais  da Vila do Abraão, vendo-se a lancha Tenente Loretti e do outro lado a lancha que faz a ligação Mangaratiba-Abraão

Foto cedida gentilmente por Juarez Alagão - 2010